quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Finalmente o Verão - Jillian Tamaki, Mariko Tamaki

Muito bom!
Confesso que nunca fui grande apreciador de BD, mas com este livro consegui redimir-me. Talvez agora já não seja BD, antes novela gráfica.
Texto e desenhos fabulosos. Li-o em duas vezes, apenas porque a hora já ia tardia da primeira vez. E fiquei a pensar que outras BDs fabulosas não terei perdido ao longo de todos estes anos.
Senti-me de novo nos anos da adolescência, da descoberta, da cumplicidade e dos dramas próprios dessa fase. Também tinha um ritual de Verão, um lugar onde passava as férias com a família e onde revia amigos apenas durante essa época. Com este livro, revivi esse lugar e essas emoções.
Fica-me uma enorme vontade de ler mais coisas destas autoras e já pus o blog de uma e o site da outra nos meus favoritos. Vou persegui-las!... :-)

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Acabadora - Michaela Murgia

Finalmente, um bom livro.
Senti completamente os personagens e os espaços, como se estivesse a viver junto deles e lhes conhecesse as manias e os costumes. Dava para sentir os cheiros e o calor na pele, os olhares e a respiração de cada um. Acho que é isso que faz um bom livro, independentemente da história que nos conta.
Mas esta é também uma história poderosa sobre os nossos limites e convenções. A eutanásia é um tema controverso que já me obrigou a mudar de opinião por diversas vezes. Hoje tenho outras experiências de dor e de sofrimento, meu e alheio, e sei que não posso dizer "desta água não beberei". Quando a vida é doce, achamos que podemos reclamar ou julgar. Mas nada na vida é linear, e este livro demonstra-o bem.

A expressão "mãe/filha de alma" é uma coisa maravilhosa.

Muito boa experiência de leitura.
Venham mais livros assim.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Stoner - John Williams


O livro chegou-me às mãos através de um grupo de amigos. Todos falavam da tristeza inerente ao personagem principal. De facto, às primeiras páginas, poderíamos pensar tratar-se de uma balada triste, esta vida que vai decorrendo sem honras de estrela. Porém, não lhe senti a tristeza. Senti a lucidez, a compaixão, inocência, força de carácter de Stoner. A escrita despretensiosa de John Williams faz-nos entrar na vida deste personagem com avidez.

"Estavas à espera de quê?!" é, quanto a mim, a frase que mais faz pensar e que melhor define este livro. Tudo depende da expectativa e do olhar que temos sobre a vida (e morte). Stoner soube aceitá-la como ela era, com maturidade, com a tal compaixão e lucidez que quase nenhum de nós, de verdade, consegue. Estando convencidos de que as nossas vidas são especiais, permitimo-nos uma certa soberba. No entanto, todas as nossas vidas são banalíssimas. É essa tomada de consciência que nos abala durante esta leitura, e talvez daí venha a sensação de tristeza. Quanto a mim, ela não pertence a Stoner, seguramente.

John Williams consegue descrever o meio académico com detalhes que, por vezes, me despertaram alguma irritação, de tão reais. Mea culpa!
Muito boa experiência de leitura.